Rosemarie Fiore |
As horas estalam em cantos de pássaros e motores desenfreados, enquanto o dia mal surge e já insiste em me levar rua abaixo. O movimento é inteiro e tinge todo o asfalto, tornando a cidade inutilmente vermelha, inutilmente atrasada.
A vida em forma de combustível avança na quinta marcha, pronta para estourar a qualquer instante. Aguardo no ponto de ônibus a minha vez de correr rabiscos cor de cimento. Dentro da minha camisa, fogos de artifício não me deixam mentir: estar vivo é acima de tudo um ato violento.